segunda-feira, 15 de setembro de 2014

VELUTINA NIGRITHORAX

A Vespa Asiática – VELUTINA NIGRITHORAX -  chegou à Europa em 2004, por via marítima, dentro de contentores provenientes da China (para ser mais exacto, a vespa veio dentro de potes/jarros de cerâmica chineses) . O local de “desembarque” foi no sudoeste da França, mais exactamente no porto marítimo de Bordéus.

A partir daí começou a “reconquista” da Europa… onde à data actual se confirma a sua proliferação em quase todo o território francês, mais a Bélgica, em algumas partes da Itália, norte da Espanha e as Regiões portuguesas de Minho e Douro Litoral.
A Velutina é de fácil reconhecimento: em relação à maioria das vespas estas são bem maiores, mas reconhecem-se particularmente pelas patas e focinho amarelos, e 3 listas também amarelas/alaranjadas na parte dorsal, onde a lista mais próxima do ferrão é mais visível e larga!
Uma nota importante: a Vespa que chegou à Europa é a VELUTINA e não a MANDARINIA, duas espécies diferentes, onde esta última é apenas...a maior vespa do mundo!
Só para terem uma ideia...vejam o que algumas vespas mandarinias fazem de uma colmeia em poucas horas:
Para ver mais de perto as imagens, basta carregar em cima da imagem com o "botão" direito do rato, e em simultâneo na tecla "Ctrl".

Apresentação:

A vespa Velutina Nigrithorax é um insecto invasivo de origem asiática.
É a única vespa que foi acidentalmente introduzida na Europa.
A Velutina pussui várias sub-espécies* - variedades -, e que cada qual encontra o seu habitat em diferentes regiões da Ásia. No caso desta – Nigrithorax – a sua presença pode ser encontrada no norte da Índia (Darjeeling, Sikkim), no Butão, na China, na Indochina e nas montanhas de Sumatra e Sulawesi (Indonésia).
E pela primeira vez foi confirmada a sua presença na Coreia, em 2006.

(*) Eis todas as variedades da espécie Velutina:

Ardens * Auraria * Celebrensis * Divergens * Flavitarsus * Floresiana * Kamyi * Mediozonalis * Nigrithorax * Sumbana * Timorensis * Variana

O género “Vespa” possui 22 espécies, e todas vivem na região asiática – Ásia Central e Ásia do Sudoeste. Só algumas é que vivem nas Filipinas e na Nova Guiné.

Até à data actual só 2 espécies lograram “partilhar” o seu habitat normal…entre a Ásia e a Europa: são os casos da Vespa Europeia – Crabro Linnaeus (a maior vespa na Europa), e da Vespa Oriental – Oriental Linnaeus (esta última limita a sua distribuição à Bulgária, Grécia e Itália).

Características:

Os adultos – obreiras e machos – medem cerca de 30cm e as fêmeas 35cm.
Para além da diferença de tamanhas entre as rainhas, as obreiras e os machos, também há diferenças no abdómen. A segunda imagem inserida neste post mostra uma vespa “indeterminada” (ou fêmea estéril), ou seja, é uma obreira.
O macho reconhece-se por 2 pontos amarelos “junto” ao ferrão. Ver AQUI.
A fêmea é de fácil reconhecimento…:é maior, como já referi acima, e além disso possui no abdómen mais listas amarelas (3 ou 4…).
Como o seu nome indica – “nigrithorax” – todas elas possuem o tórax negro. A cabeça também é negra.
Mas a maior facilidade de reconhecer estas vespas é pelas patas e face amarelas.
Outra característica é de que os machos não possuem ferrão – só as fêmeas e as obreiras o possuem.

As rainhas da Velutina nigrithorax tem como existência 1 ano de vida, e depois morrem.
Elas começam a construir o ninho em meados de Fevereiro (até Maio). A colónia é neste início habitada por larvas e jovens obreiras. Em Junho o ninho estará bem preenchido de obreiras, e a grande maioria adultas; e no final do verão haverá imensas rainhas e machos nascidos. Estas rainhas nascidas em finais do verão serão as futuras rainhas do próximo ano. Cada uma irá construir a sua própria colónia.
O acasalamento/fecundação das novas rainhas acontece no Outono (Outubro/Novembro).
A velha rainha morre pouco tempo antes de tal acontecer.
Depois do acasalamento, os machos morrem, e as novas rainhas fecundadas abandonam o ninho por completo. Estas vão procurar abrigo para passar metade do inverno, ou seja, vão hibernar (até meados de Fevereiro).
Umas partem solitárias, outras em grupos de duas ou 3 rainhas, e procuram hibernar (em Dezembro) em troncos podres de árvores, etc.
Depois da “debandada” das rainhas, e da morte dos machos e das obreiras, o ninho velho não será mais utilizado. O que ficou lá dentro ou morre pelo clima (frio, vento) ou servirá de repasto a certas aves (pegas, gaios, etc), principalmente as larvas.
Alguns raros ninhos podem ainda estar activos em Dezembro. Os ninhos vazios e abandonados não serão mais utilizados mas, por vezes, na primavera seguinte, encontram-se lá rainhas assexuadas tardias, que ficaram “bloqueadas” pela chegada do frio. Estas rainhas são incapazes de fundar uma colónia pois não foram fecundadas, e muitas vezes tem as asas atrofiadas.  

Algumas rainhas começam a sua actividade em meados de Fevereiro, construindo um ninho primário (junto ao solo, ou em um lugar confinado), onde colocarão os primeiros ovos. As primeiras obreiras nascerão no início de Maio. Pouco tempo após estas nascerem, a grande maioria das colónias abandona o primeiro ninho e constrói outro – definitivo -, principalmente em árvores altas, e perto de pontos de água (rios, piscinas, etc).

Ninho:

Tal e qual a vespa europeia – Crabro Linnaeus – a vespa Velutina constrói um ninho volumoso de papel mascado, composto por várias galerias de células, e compartimentos próprios a cada “casta”, ou seja: compartimentos de nascença de fêmeas, o de machos, e o de obreiras.
O orifício de saída é pequeno e lateral, ao contrário da vespa europeia que é largo.
Quando está instalado num lugar espaçoso o ninho é esférico - quando ultrapassa os 60cm de diâmetro. Mas também pode ser forma oval e ter 1 metro de comprimento e 80cm de diâmetro, quando ele está fixado – na maioria dos casos – a mais de 15 metros de altura.
A vespa asiática pode por vezes nidificar em estruturas abertas – prédio, poste, etc -, como numa parede oca, e muito raramente num matagal ou no solo.
A descoberta de um ninho de vespa asiática passa muitas vezes despercebido porque o voo destas vespas é muito discreto, ao contrário da vespa Crabro. O inverno é a melhor altura para descobrir ninhos desta vespa, quando as árvores estão despidas de folhas.
Em pleno inverno – Janeiro/Fevereiro – pode-se retirar à mão estes ninhos descobertos, sem risco de qualquer ataque, pois nesta altura estará tudo morto (em França…que faz mais frio do que aqui…).
Outra nota importante sobre o ninho: apesar de os ninhos da vespa velutina e crabro serem um pouco semelhantes há no entanto algumas diferenças: o ninho da velutina só possui uma saída/entrada; enquanto o ninho da vespa crabro pode ter muitas entradas/saídas ou então uma entrada/saída muito larga.

Confusões possíveis:

Não confundir a vespa asiática com a vespa Crabro – europeia! São de fácil diferenciação. Esta segunda é maior e mais “colorida”, ou seja, o amarelo é mais saliente.
Também se diferencia muito bem da vespa vulgar – VespulaVulgaris!
Nem vale a pena falar da vespa Oriental nem da Germânica, pois não andam por aqui…
Há outras espécies de “vespas” no nosso país mas são bem pequenas em tamanho – basta ver uma dessas, para fazer uma comparação, numa das imagens inseridas neste post, dentro de um frasco de vidro de especiarias, junto com a Velutina.

Actividade/Predação:

A Velutina é uma espécie diurna que contrariamente à vespa europeia – Crabro – interrompe toda a actividade ao anoitecer. No entanto, a luz artificial é suficiente para haver grandes movimentações – ataques – no caso de molestadas (uma luz bem iluminada nas proximidades e ruídos desencadeiam ataques).
É uma predadora havida de outros hymenopteros sociais, principalmente das abelhas, mas tal e qual a Crabro também consome uma grande variedade de outros insectos – borboletas, vespas, moscas, etc -, e de aranhas.
Segundo alguns… entomologistas, a vespa asiática não será mais perigosa para o homem do que qualquer outra vespa da Europa. Por outro lado, a Velutina é um temido predador para os outros insectos polinizadores, principalmente da abelha-europeia (Apis Mellifera).

Após observações efectuadas e confirmadas, a Velutina posiciona-se em voo estacionário, em frente das colmeias (ou em volta de frutos maduros e flores melíferas) pronta a atacar e caçar as abelhas que chegam carregadas de pólen.
Em voo estacionário a uma trintena de centímetros da entrada de uma colmeia, a vespa velutina espera a chegada das abelhas que voltam carregadas de polén, lançando-se de rompante sobre a presa, atirando-a ao solo (depende das circunstâncias…), prende-a sobre as suas patas e mata a abelha com um golpe de mandíbula que defere atrás da cabeça. De seguida transporta a abelha para o alto de uma árvore para a decepar, onde lhe corta a cabeça, as asas, patas e o abdómen. Só aproveita o tórax da abelha – a parte com mais proteínas -, que a “transforma” numa bola e de seguida a transporta para o ninho para servir de alimento às larvas.
5 vespas Velutinas são o suficiente para destruírem 30% de um ninho de abelhas em poucas horas.
Não é por acaso que os apicultores franceses apelidaram esta vespa de “Atila das Colmeias”!

Na Caxemira e na China, a vespa Velutina é considerada como um inimigo redutível das colmeias, pois ela pode destruir uma grande parte de uma colónia de abelhas asiáticas – Apis cerena.
Depois de matar as guardiãs, e as obreiras, a Velutina penetra no interior da colmeia para se apoderar das larvas.
Mas ao contrário da abelha europeia – Apis Mellifera -, a abelha asiática – Apis Cerena – já adoptou uma estratégia de defesa contra este predador (mais abaixo falarei desta defesa).

Em França, os apicultores já adoptaram uma estratégia de “primeira defesa” contra as vespas, tanto em relação à Velutina como à Crabro, ou seja, limitaram a entrada das colmeias ajustando ao tamanho das abelhas, e assim as predadoras não entram. Pelo menos há a “segurança da casa”…

De igual modo “os observadores” franceses estão de acordo que a vespa Velutina não é agressiva para com os homens, e que pode ser observada à beira de um ninho desde que a distância seja de uns 5 metros, e sem provocações (ruídos, pedras, etc)…
Uma parte das pessoas que foram picadas foram-no por tentarem destruir o ninho, ou tocando numa obreira ou rainha inadvertidamente.
Se a picada desta vespa é dolorosa deve-se ao tamanho do seu “arpão” (ferrão) que é de 6mm, mas não é mais perigosa que uma vespa normal.
Só as pessoas alérgicas ao veneno de hymenopteros devem ter especial atenção e prudência (só em 2011 morreram em França 23 pessoas alérgicas).
Muitas pessoas (em França) conheciam ninhos activos instalados nas proximidades das suas habitações, sem que as vespas (obreiras) manifestassem qualquer agressividade nas idas e voltas dos habitantes. Em todo o caso é preciso ser EXTREMAMENTE prudente em relação aos ninhos mais adiantados e “volumosos”, instalados bem alto nas árvores. Quanto maior for o ninho mais possibilidades há de acontecer um ataque furiosos das obreiras, no caso de se aproximar em demasia do ninho.

Prudência, muita prudência!  

Alimentação:

A vespa asiática possui um regime alimentar muito variado. Para além das abelhas, também se ataca aos insectos de outras espécies como por exemplo as moscas, borboletas, larvas ou lagartas da borboleta, vespas (de outras espécies), aranhas, etc. Todas estas presas só servem para alimentar as próprias larvas pois o regime alimentar das adultas é só de líquidos açucarados: néctar, mel, frutos maduros – pêras, maçãs, ameixas, uvas, figos, etc. O consumo alimentar destas vespas é tão significativo que podem causar bastantes estragos nos pomares.

Reprodução:

É no Outono que as fêmeas reprodutoras da nova geração saem do ninho em companhia dos machos para acasalarem.
Estas fêmeas – futuras rainhas – são as únicas que irão sobreviver ao inverno, pois todos os machos, obreiras e larvas morrerão com a chegada do frio/inverno.
Na primavera cada rainha fundará a sua própria colónia, construindo um ninho primário onde colocará alguns ovos.
Dependendo da temperatura, um mês e meio depois já haverá obreiras para ajudar a rainha, que a partir daí praticamente só consagrará o resto da sua vida a pôr ovos.
A colónia é composta só por uma rainha e as obreiras (fêmeas estéreis), até que a nova geração de fêmeas e machos sexuados se desenvolvam, o que acontece no final do verão.
Pouco tempo depois a velha rainha morrerá.

Predadores:

A grande maioria das aves será um “potencial” predador, mas só em relação às larvas das vespas…
Em relação às vespas adultas, em França já se confirmou que algumas aves se “atrevem” a consumi-las com grande actividade, tais como o Picanço (Lanius Collurio), Tartaranhão- épivero (Pernis Epivorus) e o Abelharuco-comum (Merops Apiaster).
A Pega-rabuda (Pica pica), o Pica-pau, a Poupa (Upupa sp.) e o Gaio-comum (Garrulus glandarius) foram observados no final do Outono a perfurar ninhos para consumir os últimos indivíduos, tanto larvas como vespas adultas (havendo escassez de comida vai tudo…).

Estratégia de defesa das abelhas:

A abelha asiática – Apis cerena – desenvolveu uma estratégia de defesa muito eficaz contra as vespas – a Velutina é uma delas -, que atacam regularmente as colónias de colmeias.
A vespa agressora é rapidamente cercada por uma massa compacta de obreiras que, em vibrando as suas asas, aumentam a temperatura no círculo envolvente até que a vespa morre por excesso de calor.
Ao fim de 5 minutos a temperatura – nesta estratégia – atinge os 45ºc, fazendo a vespa sucumbir, mas não as abelhas que conseguem suportar acima dos 50ºc.
Este método é muito eficaz mas, quando é demasiadas vezes repetido, provoca um enfraquecimento da colmeia, pois as obreiras consagram então menos tempo de aprovisionamento.

Na Ásia, onde a sua criação é praticada à mais de 50 anos, a abelha europeia – Apis mellifera – aprendeu o mesmo “sistema de defesa” que as abelhas asiáticas, no entanto, a sua adaptação contra o predador é mais recente, e como tal a sua estratégia de defesa é menos eficaz.
Em França, a abelha doméstica é capaz de se defender dos ataques ocasionais da Vespa europeia – Crabro Linnaeus -, mas as suas colónias são fortemente afectadas pela predação intensiva que exerce a vespa asiática - Velutina. 
Com o tempo…se verá se as abelhas europeias serão capazes de encontrar uma estratégia de defesa eficaz contra este predador assassino.
Cientistas (MNHN, CRNS e IRD) franceses, observam de perto o comportamento de defesa das abelhas europeias, e da dispersão da vespa Velutina, afim de avaliar a importância do impacto na apicultura.


Combate/Destruição:

Uma luta irresponsável contra uma espécie invasiva pode conduzir a promover a sua instalação! Tal facto já aconteceu no passado com outras espécies.
As espécies invasivas possuem em geral uma forte capacidade de adaptação e dispersão. É o caso da vespa asiática.
Os métodos de luta que atingem em geral o resto das espécies locais, os “chamados danos colaterais”, podem servir de “alavanca” em favorecer a Velutina.
Isto não quer dizer para se “cruzar os braços” e permanecer inactivo!
Seguir a recomendação dos “meios” mais informados é um bom caminho.

A melhor altura para caçar a vespa Velutina, e de igual modo evitar os tais “danos colaterais”, é entre o 15 de Fevereiro e o 1 de Maio.
Nesta altura do ano só vivem rainhas, que em meados de Fevereiro começam a sair dos esconderijos onde hibernaram, para começarem a construir cada qual o seu ninho (primário).
Será “fácil” de encontra-las por esta altura nas flores das Camélias, onde buscam o escasso alimento da época.

Caçar uma vespa Velutina nesta altura do ano, significa retirar da natureza – em meados do verão – um ninho com 2000 vespas em média (dependendo da sua predação/alimentação podem ser mais de 2000, ou menos…). 

TESOURA:

Há várias formas de caçar esta vespa, e no período de pós hibernação quando procura alimento nas camélias (principalmente as vermelhas), etc., uma das formas mais fáceis de a eliminar é com uma simples tesoura (ver vídeo no link que se segue).

Simples, selectivo e eficaz!

ARMADILHAS:

A forma mais usada para caçar a vespa velutina é com armadilhas, feitas de garrafas de plástico, e com um engodo no interior.
O sistema é facílimo de executar, por isso não vou estar aqui a descrever de “novo”, basta ver os 2 primeiros vídeos anexados neste artigo mais abaixo.
Acrescento apenas que tanto pode ser garrafas de litro e meio, dois litros ou um garrafão de 5 litros.
O engodo é composto por 3 líquidos: cerveja (se possível da “loirinha”), xarope de groselha concentrado e vinho branco (seco…).
Também se pode utilizar só a cerveja com a groselha mas, a utilização do vinho branco serve para afastar as abelhas.
Mel com água, uma sardinha (etc) ou um pedaço de carne também as atrai para a armadilha.
Não esquecer que o engodo deve ser renovado ao fim de 3 semanas (+/-)! Mas atenção: nunca se deve lavar as garrafas/garrafões; só mesmo deitar num buraco ou esgoto o líquido “velho” com as presas; e depois deitar no seu interior a mesma dose de engodo.
O porquê de nunca lavar é simples: as vespas deixam feromonas para atrair (ou sinalizar) as suas “parceiras” – tal como as formigas fazem para encontrar o caminho do seu ninho. Se as tais feromonas permanecerem à entrada da armadilha, esta continuará sempre atrair vespas para o interior.
Li imensos comentários na net (franceses), e depois pude confirmar que, em algumas armadilhas não muito distantes das outras, e com o mesmo engodo, simplesmente…não apanhavam vespas. Lá está: as feromonas de 2 armadilhas separadas com alguns metros estavam a atrair as vespas só “para si”.
Não é por acaso que 2 laboratórios franceses estão a tentar “fabricar” a feromona da vespa asiática, para depois as pessoas as utilizarem no engodo, e deste modo só atrair a vespa Velutina, e assim a erradicar…

Continuando nas armadilhas, quero lembrar que o sistema atrai outros insectos para além da Velutina, e como tal, se não nos repugna ver as vespas asiáticas ou moscas afogadas nas armadilhas, devemos ter compaixão de outros insectos inocentes que lá vão cair, tais como as nossas abelhas, borboletas e várias outras espécies de vespas do nosso habitat. E para quem não souber…, para além das abelhas – que são os maiores polinizadores -, as borboletas e as outras vespas (sim, sim) são muito importantíssimas na polinização de certas flores, e assim se forem caçadas sem pudor de consciência, há um real perigo para a continuação da biodiversidade.
Convêm por isso fazer furos nas armadilhas para possibilitar a fuga dos inocentes. É claro que as moscas vão fugir por esses buracos mas, para apanhar as moscas basta fazer armadilhas para as próprias, só com 2 ou 3 furos de lado, e usar outro engodo.
Furos com 6mm devem ser suficientes para não deixar escapar as vespas asiáticas e facilitar a fuga de outros insectos, principalmente as abelhas.
Nas armadilhas “abertas”, ou seja, com o gargalo virado para dentro em funil, convêm também ter algo mais acima a cobrir para não deixar entrar água da chuva.
Os links que se seguem mostram imagens de vários modelos a levar em consideração (carreguem em cima das imagens para aumentar):




Outro método extremamente eficaz, que recentemente descobri num blogue de um apicultor francês, da região dos Altos Pirenéus - Tarbes -, e que mostra que o seu simples sistema é deveras surpreendente, e com resultados à vista.
Ele utiliza garrafas de vidro, tipo polpa de tomate ou sumos de fruta, necessitando apenas que tenham um ligeiro afunilamento/curvatura do gargalo (mas com gargalo largo).
Como engodo ele coloca 20cl de água quente misturada com 40gr de mel (mesmo do fraco serve). Misturar bem e colocar as garrafas à beira das colmeias.
Ele pede para não açucararem demais o engodo para que as abelhas não sejam atraídas (com a dose recomendada ele garante que as abelhas não se sentem interessadas, ao contrário das vespas).
As 3 imagens que se seguem são o resultado de captura em 24 horas de acção.

DIÓXIDO de ENXOFRE = SO2

Pouco tempo após a descoberta da vespa velutina nigrithorax, na região francesa da Aquitânia, e a sua proliferação inquietante, acumulando à sua predação exterminadora de abelhas e outros insectos necessários á polinização; um engenheiro (especialista…= Jean Vignolles) teve a ideia de injectar SO2 (dióxido de enxofre = gás) num ninho de vespas asiáticas com intenção de as asfixiar.
A ideia resultou em pleno e tal facto permitiu…aos bombeiros e apicultores uma mudança material importante no combate à velutina. Este método, se aplicado com precaução e profissionalismo, permite o abandono dos “tradicionais” métodos aplicados anteriormente (insecticidas, azoto líquido e fogo de maçarico).
Este produto – em França, pois em Portugal não sei…- é utilizado na industria de agro-alimentar e vinificação. Também em França foi preciso uma autorização governamental pois era proibido, e mesmo assim a autorização é limitada (120 dias).

Para ver bem "pormenores", carregar em cima da imagem com o botão direito do rato, e ao mesmo tempo na tecla Ctrl.

A utilização do SO2 comporta riscos importantes:

Este produto é cáustico, irritante, mas não é tóxico!
Os impactos sobre o meio ambiente em particular os organismos (“non cibles” =????) são muito limitados comparados a outras técnicas de luta química (insecticidas, etc).
Este gás liquido sob pressão é inflamável, e nocivo se inalado.
É extremamente irritante para a garganta, as mucosas e as vias respiratórias.
Uma super-exposição grave pode causar edema, lesões pulmonares ou levar á morte em função da concentração de SO2 no ar inalado.

Atenção redobrada:

- Respirar vapores do SO2 é perigoso para o ser humano.
Este gás é irritante. Mais pesado que o ar, e desta forma “descerá” do ninho.
- Se o ninho estiver num local pouco ventilado, o SO2 pode estagnar imenso tempo numa cavidade.

Precauções especiais:

A injecção de SO2 não terá efeitos asfixiantes nos seguintes casos:
- Se o ninho for muito pequeno, a “casca” risca de partir logo após a entrada da seringa (só utilizar em ninhos superiores a 25cm de diâmetro).
- Se a estrutura exterior do ninho estiver danificada (partida ou com várias aberturas).

Precauções de utilização à noite:

Na verdade, à noite é o melhor momento para destruir um ninho de vespas asiáticas. O porquê é simples: todas as vespas do ninho estão no seu interior, ao contrário de dia. No entanto, se a noite trás benefícios para caçar um ninho inteiro, também acarreta dificuldades em termos de manobra, e por isso há que levar em consideração os seguintes procedimentos:
- Assinalar bem a localização.
- Instalar todo o material de dia, ou seja: a vara de 10m (ou mais…) que leva a “injecção” na ponta. Colocar no chão, por baixo do ninho, um oleado/lona para depois recolher o ninho mais completo…
- Depois à noite é só o trabalho de vestir uma roupa adequada… principalmente uma máscara protectora para não respirar o SO2, e injectar o gás.
 - No dia seguinte é preciso cortar o galho que suporta o ninho, recolher tudo e deitar no lixo ou até na compostagem…
(Há imensas probabilidades de encontrar larvas e ninfas vivas após a injecção do SO2 - não respiram -, e como tal, pelo menos em relação às larvas, tanto as vivas como as mortas por SO2 servem para dar de comer às aves, e desta forma “atiça-las” a serem futuras predadoras das vespas; por isso será aconselhável atirar essas larvas para o chão num local de muita passarada – melros, pêgas, gaios, etc. Jamais o façam se a destruição do ninho foi praticada por insecticida ou azoto líquido! Nestes casos o ninho como todo o seu “recheio” deve ser atirado para o caixote do lixo – dentro de um saco resistente -, ou então enterrar bem fundo tudo.)

Precauções de utilização de dia:

- Protecção corporal dos intervenientes: protecção integral de apicultor…pelo menos exige-se a protecção superior (cabeça) dos apicultores.
- Uma dupla camada de calças e camisolas grossas.
- Botas grossas e bem fechadas.
- Luvas de látex das mais duras (protegem das picadas e ao mesmo tempo permitem um eficaz manuseamento).
- Se possível usar óculos e máscara para protecção do SO2.
- Quanto maior for o ninho, maior distância da ocorrência devem estar os eventuais espectadores/curiosos (15m mínimo, e o dobro para ninhos grandes e sobretudo altos).
- Quanto maior for o ninho maior deve ser a cana telescópica, afim de evitar ataques das vespas stressadas, e de eventuais maus reflexos do “homem da cana”.


Principio de utilização:

Injectar sobre pressão no ninho da vespa velutina nigrithorax, o gás SO2 asfixia instantaneamente as vespas adultas que se encontram no interior do ninho, de igual modo asfixiará as vespas que penetram no seu interior nos minutos seguintes.

As larvas e as ninfas (acho que é assim que se diz em português?...) não respiram, e deste modo só serão atingidas pelo frio gerado da evaporação instantânea da despressurização do gás líquido.

Após injectar o SO2 no ninho – a “agulha” tem de ser inserida através do buraco da entrada -, é fundamental aguentar 5 minutos – no mínimo – com a agulha a servir de “tampão”, para que o efeito seja mais abrangente e duradouro.

Todos os ninhos, após serem injectados com SO2, tem de ser retirados no mesmo dia, salvo se esta operação ocorre à noite então retarda-se a sua retirada para o dia seguinte.
Para retirar o ninho basta retirar a ponteira que suporta a agulha da cana telescópica e adaptar um serrote, e desta forma corta-se o ramo que suspende o ninho.
Depois de cortar o ramo, e no caso da eliminação com o gás ter sido efectuado de dia, é preciso colocar uma armadilha pendurada no galho mais próximo de onde este foi retirado. Esta operação consiste em caçar meia dúzia de vespas velutinas, anteriormente - e não precisa de serem deste ninho -, para dentro de uma garrafa plástica com único engodo de um pouco de mel no seu interior.
Como de dia a maioria das vespas está fora do ninho (por isso se aconselha a sua eliminação ao final do dia, ainda com luz natural), todas as vespas que não foram atingidas no momento da injecção do gás, ao voltarem encontram a armadilha no lugar do ninho, e com o engodo do mel, mais as feromonas das outras vespas que foram caçadas anteriormente são levadas ao engano e acabam todas por entrar na armadilha. Depois convêm retirar a armadilha do local, alguns dia(s) mais tarde, como é lógico.

Os links que se seguem mostram imagens (e um vídeo) do processo de destruição de um ninho de vespa velutina nigrithorax, com o sistema de cana telescópica e gás de dióxido de enxofre (= SO2 )Carreguem em cima das imagens para aumentar.







Caso alguma associação de apicultores, Câmara Municipal, etc., esteja interessada em adquirir este material de destruição (cana telescópica, tubo pvc, garrafa de SO2 com doseador e a "agulha") deixo aqui o link que mostra os preços de cada item, assim como o contacto do vendedor:


Links de interesse:

Site/Forum espanhol de apicultores com um tópico bem preenchido sobre a vespa asiática:

Site francês de uma associação "anti- vespa asiática":

Blogue francês totalmente vocacionado ao combate à vespa asiática:

Site extremamente útil referente a várias espécies de vespas (com muitas imagens):

Outros sites de interesse:

Video (2:07m):


Outro video (3:54m):

Muito havia ainda a comentar/relatar sobre o "tema" vespa asiática, mas para já...não me apetece escrever mais nada. Portanto dou por encerrado este post...


 Eis o aspecto de uma rainha.